segunda-feira, 5 de abril de 2010

Posso gritar um palavrão?

Imagem: Getty Images

Eu queria ter o direito de me estressar. Sim, de ficar de mal-humor e irritadiça. Porque às vezes eu sinto que nem isso eu tenho.

O mundo pode estar se retorcendo todo à minha volta e formando uma gigantesca bomba prestes a explodir na minha cara. Eu posso estar cheias de obrigações, de prazos curtos, de aspirações, de sonhos e viver dando com a cara na parede, mas nada disso pode me afetar. Nem uns dias de TPM eu tenho direito, só porque eu acostumei vocês a nunca sofrer com isso? Isso cansa.

E eu tenho vontade de gritar. De dizer a plenos pulmões (e diafragma) que eu não sou assim. Que eu não sou inabalável, que eu não sou insensível, que eu não sou mais uma criança. Porque eu posso até ter sido inabalável e insensível por um bom tempo da minha vida, mas isso vem mudando, e espero que mude cada vez mais. Uma destruição para construir uma coisa maior, melhor. E eu posso não ser uma mulher adulta, independente, formada e auto-sustentável, mas eu não tenho mais 10 anos! Eu tenho sonhos (que talvez nem sejam mais sonhos, e sim planos, concretos, palpáveis e um dia realizáveis), tenho posicionamentos, tenho idéias formadas, tenho ideais. E tenho certa responsabilidade, disciplina e compromisso que compreendi serem coisas fundamentais.

Eu só queria pedir para que não me chamassem de doida, que quisessem me levar à um psicólogo só porque estou com o mundo nas costas e as lágrimas vêm aos olhos com mais facilidade e o tom de voz se eleva mais rapidamente. Eu juro que eu tento me controlar, mesmo. Ou será que eu acho lindo ficar irritada e estressada, com vontade de gritar e esganar a pessoa mais próxima? Acho que não. Eu não preciso de um psicólogo.

Alguém explica pra eles que eu preciso é de amizade, confiança e respeito, coisas que parecem não chegar até mim vindo deles. É tão simples, mas tão difícil. A vida é feita de contradições, assim como a arte. Só não sei se a vida imita a arte ou se é a arte que imita a vida.