quinta-feira, 5 de março de 2009

Um lugar onde eu não posso trazê-lo de volta

Foi tudo bastante estranho.
Quero dizer, não que eu não soubesse que isso ia acontecer, mas mesmo assim. Ver acontecer, e quando cai a ficha é tão... Ah, é indescritível.
O que aconteceu foi que meu avô materno, que já tinha seus 93 anos e era uma das pessoas mais sábias, lutadoras e admiráveis que eu já conheci, fui internado por causa de uma inflamação no pulmão e, depois de uma semana, foi transferido pra UTI. Meus tios se agoniavam, e eu travava ao ver minha mãe chorar toda vez que o estado dele piorava um pouco, ou ele passava por uma crise. E eu, quando passamos a ter aquela certeza de que estávamos só esperando a hora dele chegar, comecei a me agoniar muito. Eu nunca tinha perdido um membro tão próximo da família, e talvez eu tivesse explodido se não fosse pelo carinho e a paciência de minha amiga ao me ouvir desabafar.
Mas, no dia que minha tia ligou para a mamãe dizendo que tinham ligado e eles deviam ir para o hospital, eu sabia. No fundo, eu realmente sabia, mas logo não acreditei, e eu realmente alimentava esperanças que tivesse sido só uma crise um pouco pior que as outras, mas que fosse ficar tudo como antes. E eu tinha um compromisso na escola, com a comissão de formatura. Fiquei pertubada no colégio, até que o meu pai me ligou dizendo que iria me buscar. E enquanto eu esperava na porta do colégio eu chorei. Chorei, simplesmente. Minha amiga depois me disse que em quatro anos de intenso convívio era apenas a terceira vez que ela tinha me visto chorar, e não é de se espantar, eu não sou do tipo que chora fácil.
Abracei minha mãe, e me agoniava ao ver no velório um bando de pessoas que eu nunca tinha visto na minha vida irem lá enfiar suas caras feias para ver meu querido avô. Que diabos de importância ou presença elas tiveram na vida dele que iam lá, olhavam ele, comentavam e no canto riam, conversavam e curtiam um cafézinho?
Eu não quis ir olhá-lo. Preferi guardar as lembranças que tinha dele em vida, das suas risadas e histórias, do que ter que me lembrar para sempre de um rosto sem vida, sem nada. E quando eu entreouvi a conversa de alguém que dizia algo sobre o "corpo" eu chorei mais, e me revoltei com a situação. Droga, que meios de dizer, como se fosse apenas uma coisa empatando lugar. Ele fora um exemplo de homem e eu tenho orgulho de ser neta dele.
Sábado, dia 7, fará um vez do seu falecimento, e só agora eu tive coragem de escrever algo, ainda assim, com emoções a flor da pele. Mas eu fico feliz, por ter cessado o sofrimento dele, e ele estar num lugar melhor agora, junto com seus irmãos e pais.
Vô, obrigada por ter me dado tantos exemplos de coragem e caráter. Te amarei para sempre.

11 comentários:

Isadora disse...

Oiee é a primeira vez que visito seu blog e ameii mesmo de verdade!
parabéns por tá no TDB!
e sobre esse post quero dizer que sinto muito mesmo , e sei bem como é sabe
passei a mesma situação a pouco tempo
mais ficamos bem com o passar do tempo

bom passa no meu?
beijos

sissa disse...

Bem, eu amei o seu blog e parabens pelo TDB
e agora amo ainda mais
por esse post e saber q vc é meio parecida comigo.
eu perdi a minha mae a mais ou menos 1 mes, por um acidente de carro
e tive uma reação parecida com a sua
sinto muito pela sua perda
beijos
*:

Lanna disse...

Sinto muito pela sua perda.Minha bisavó morreu quando eu tinha 10 anos e eu passei pela msma coisa.

Amanda Paula disse...

cumaaadre, seu blog tá liiiindo! amei
e, me emocionei lendo o texto :(
meus sentimentos :)
beijao, eu te amoo!

Amanda Cliffe disse...

Amiga, eu sempre vou estar do teu lado pro que tu precisar. E carinho e paciência é o minimo que posso te oferecer.
Nunca sinta vargonha de chorar, todo mundo chora (eu principalmente), porque só as pessoas fracas tem vergonha de chorar e de mostrar seus sentimentos.

Beijos, força tá?

Ray-Sama disse...

Aloha!

Estranho... Ontem à noite morreu o meu vizinho. Já tava tão mal!
E anteontem morreu um amigo da minha irmã... Engraçado é que fica algo no ar como se eu soubesse que iria acontecer. Estranho...

***

Depois que eu parei de ler mais de dois livros ao mesmo tempo, até esqueci como se faz...

Aloha!

Jade disse...

O primeiro enterro que eu fui na vida foi na morte da minha bisavó, mesmo muitos outros parentes tendo falecido eu preferia ficar de fora...
Não gosto de enterros, tento manter a calma e não chorar. Eu não chorei.
Mas isso não muda o fato que senti ...
Não se preocupe, vai passar, ele vai te ajudar, seja onde ele estiver! =)

Beijos!

camila disse...

força colegue :(
seu blog é muito lindo :)

Teca disse...

Sinto muito, há 2 anos perdi minha avó, ela faleceu dormindo estava tão bem...até hoje não caiu a ficha, parece que ela está viajando,e a lembrança que tenho dela são as melhores possiveis.

Gostei muito do seu cantinho, super beijo para ti!

Gaby disse...

Oláá!
Encontrei seu blog no site da Capricho e adoreii, parabéns :D
Ótimoos posts!
Bjuu ;*

Jhé Cruz disse...

Eu que nunca lidei muito bem com a morte, nunca sou o que dizer nessas horas.Desculpa!