sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

La liberté d'autrefois


Imagem: we♥it
Nadia era livre. Esse sempre fora o seu grande propósito, a sua grande aspiração e o seu grande orgulho. Era livre para fazer o que quisesse.


Ela morava em um apartamento apertado no 5º andar de um prédio sem elevador à la banlieue de Paris. Seus vizinhos eram bêbados e barulhentos, mas isso não era um grande problema visto que ela mesma passava parte do seu tempo em uma mistura de champanhe, rum e absinto.Pagava o aluguel com o que sobrava do dinheiro ganhado em seus trabalhos como modelo e gasto entre roupas e álcool. Cigarros, non. Deixa os dentes amarelados e envelhece a pele. Nadia não poderia se dar a esse luxo. Além do mais, ela nunca aprendera a tragar corretamente, mas ninguém sabia disso. Não que houvesse alguém para saber. Nadia largara a família há muito tempo e nunca se permitiu ter amigos íntimos. Namorados, então, nem se fala. O seu recorde eram três noites.

O grande medo de Nadia era se prender a alguém de alguma forma. Temia não poder ir para qualquer lugar a qualquer hora e tomar qualquer decisão. Não dependia de ninguém. O problema era que essa era uma via de mão dupla. Da mesma forma, ninguém jamais dependera dela. O que Nadia nunca percebera era que ela mesma havia criado o seu maior medo: uma jaula. E essa prisão ficava dentro dela própria, em um lugar extremamente difícil de encontrar a saída, afundada em orgulho e covardia. 

Une femme sans amour c'est comme une fleur sans soleil, ça dépérit.

3 comentários:

Jússia Carvalho disse...

Adorei o blog, lindinha. =)

Anonimo disse...

Sim, nós mulheres precisamos de amor e estou deveras feliz de que atualizaste o blog e escreveu uma narrativa tão boa! Será que sai um livro dai?

Seu admirador secreto,

Giovanna Alves disse...

Pra pensar.