Eu não sei se largar o teatro há uns cinco meses foi um erro. Talvez não. Às vezes me parece que foi a coisa certa que eu deveria mesmo fazer naquele momento. Era necessário. Acho que eu precisava espaerecer um pouco. Me afastar, limpar a mente. Sair para poder, então, sentir falta e sentir o valor e a importância daquilo.
Tenho sentido uma tremenda falta, um buraco na minha vida que eu tentei preencher por todos os meios. Pensei em voltar a estudar violão, pensei em voltar a fazer ballet. Dizia que precisava fazer alguma coisa, não aguentava viver mais só de universidade. Só depois eu percebi que eu realmente sentia falta de arte na minha vida. E pensando mais ainda eu descobri que por mais que eu conseguisse uma coisa ou outra, eu sentiria falta de uma coisa em especial: o teatro. Pronto, resolvi voltar.
Depois de tomada a decisão eu me senti fraca, por não ter sido firme em minha decisão de largar e ter voltado em menos de um semestre. Fiquei com medo do que as pessoas iam achar de mim. Não os meus amigos ou familiares, mas as pessoas do grupo de teatro. Se eles teriam me achado covarde ou impotente, assim como eu mesma me achava as vezes. Só que agora que acho que fui muito corajosa, para voltar a mostrar a cara lá, pedir para voltar e me decidir a enfrentar meu horário apertado para conciliar faculdade com teatro. Mas eu vou conseguir.
Devo me afastar um pouco da internet, mas eu não pretendo abandonar de vez, é claro. Eu ainda sou uma menina de internet, mas com menos tempo. E tenho projetos online para tocar: esse blog e minha colaboração para a Revista No Divã, que além do jornalismo e da arte são coisas importantes pra mim.
Agora eu me sinto bem, talvez um pouco ansiosa para o meu primeiro ensaio de volta para o TeatrodoAbandono, mas muito bem. Não vou participar como elenco da montagem já que todos os papéis estão divididos (Os Saltimbancos!), mas vou participar do treinamento do grupo e ajudra como assistente de direção e produção. Bom demais para mim, pode ter certeza.
Eu sabia que, quando sai do teatro há alguns meses, não era uma decisão para sempre. Eu gostava muito para abandonar tudo, sabia que um dia eu iria voltar. Mas não imaginava voltar tão cedo. Mas esse semestre que passou agora parece uma realidade paralela que vivi. Tenho certeza que vou ser mais feliz do que nunca ao pingar de suor dentro de uma sala de ensaio. Segunda é meu ensaio de volta, e o dia que eu preencho um buraco dentro de mim.